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Uma trilogia sobre o burnout

Parte III: Urgentemente Humanos e fazendo melhores escolhas. É sobre isso.

Definitivamente o burnout não é medalha de honra como diria o meme que foi circulado recentemente nas redes sociais, mas será mesmo que não pensamos assim? Truco! A partir do momento que, nós nos cobramos determinadas conquistas para sermos merecedores de apreço, respeito e afeto, e nos pautamos por valores muito mais associados à fazer do que à ser.

O burnout é pelo menos um registro público de nosso esforço. Uma forma torta de pertencimento em que gritamos para o mundo “pelo menos eu estou tentando, portanto, sou merecedor de fazer parte deste mundo e de seu apreço”.

A gente segue glorificando a exaustão porque minimamente ela demonstra que queremos fazer parte desse jogo, que acima de qualquer coisa, merecemos fazer parte desse mundo, merecemos afeto.

Mas quando a pesquisa da Oracle e Workplace Intelligence publicada em Outubro de 2020 oficializa que nós, humanos, preferimos pedir ajuda aos robôs e conversar a respeito de nossa saúde mental usando tecnologia ao invés de interagir têt-a-têt com outro ser humano, Huston, we have a huge problem!

No Brasil atingimos um índice assustador em que 86% dos respondentes preferem a tecnologia a seu colega de espécie. Isto porque ela oferece minimamente uma imparcialidade de escuta que permite o compartilhamento de problemas em um ambiente de confiança e segurança. Socorro!

Quando foi que perdemos a capacidade de ouvir e de sermos empáticos?

Não sei.

A reflexão fundamental que devemos fazer é se está valendo a pena seguirmos com base neste pressuposto de fazer em detrimento ao que somos em essência? Edu Seidenthal em uma de suas reflexões semanais do seu canal do Eupreendedorismo trouxe a seguinte pergunta à tona: qual a sua barra de comparação? Qual a barra de comparação que estamos usando socialmente e que está nos adoecendo? Ainda faz sentido usarmos esses KPIs de crescimento, lucro, sucesso, felicidade em redes sociais, etc, se isso nos leva ao sofrimento? Qual equilíbrio desta balança?

Desculpa te frustrar, amigo que chegou até aqui na leitura, mas meu conhecimento isolado não vai achar resposta, precisamos fazer isto juntos.

Explorando de forma bem superficial “A Teoria Integral” de Ken Wilber, sem fazer jus ao que de fato sua profundidade de elaboração merece, nós humanos podemos expressar diversos níveis de inteligências e estados de consciência. Segundo o autor, com sorte, conseguimos lançar mão de 2 ou 3 tipos de inteligência que estão à nossa disposição. 

No ocidente, em geral, nós vivemos buscando o conhecimento externo pra lidar com o mundo, domá-lo e assim transformá-lo em um lugar melhor. Buscamos nestas áreas de desenvolvimento humano como, por exemplo, inteligência cognitiva, musical, espiritual, relacional, corporal, etc. as respostas para evolução.

Importante entendermos que sozinhos não somos capazes de atingir o desenvolvimento de todos os níveis de conhecimento. Precisamos uns dos outros para integrar essas perspectivas a fim de chegarmos a uma resposta mais completa.

Para o oriente é mais comum o desenvolvimento dos estados de consciência que, resumidamente, ao contrário do pressuposto ocidental, dizem respeito a mudar a si mesmo para mudar o mundo. E talvez aqui esteja a grande chave pra destrancar essa porta da complexidade. Ou melhor, que não basta uma única chave, uma única pessoa, e sim a combinação dessas chaves em um grande mutirão.

Não basta mudarmos o mundo para que o mundo seja um lugar melhor de se viver. Ou tampouco, não basta mudarmos a nós mesmos e vivermos em meditação para que o mundo se apresente de forma mais leve.

Para responder às inéditas pegadinhas complexas que estamos nos deparando precisamos integrar exterior com interior. Não, o que trago não é inédito. Precisamos nos cuidar, cuidar do nosso corpo, da nossa mente, do nosso espírito. Precisamos estar mais completos e íntegros para lidar com o futuro e conseguir deixar emergir como na Teoria U de Otto Scharmer a melhor possibilidade de futuro a nossa frente.

Além disso, nos desenvolver intelectualmente e cognitivamente para abarcar o maior arcabouço de respostas possíveis. Mas se estamos distraídos, confusos e em busca de uma cenoura de compensação pelo esforço nosso de cada dia, não vamos conseguir ver e, sobretudo sentir estas alternativas que se apresentarem à nossa frente.

A premissa básica para 2022 é que sejamos urgentemente e extremamente HUMANOS.

Que esta máscara de positividade tóxica possa cair e que a gente reconheça em nós mesmos e em cada um de nós o privilégio da vida e o pacote completo que ela nos traz. Que as dificuldades sejam como a pressão no grafite para transformação em diamante e que não percamos a oportunidade desse Wake-up call coletivo.

Que ao nos voltarmos para o propósito de sermos melhores e deixar esse mundo melhor para quem estiver nele consigamos achar as respostas simples e obvias que nos ocupam com tantas indecisões. Que a clareza do essencialismo de Gred McKeown faça luz às nossas dúvidas e consigamos distinguir entre as ilusões que nos assolam e as escolhas pautadas no amor.

Fácil? Absolutamente, não. Mas se vamos nos esforçar por algo, que não seja por uma medalha de burnout na saga por atingir padrões de valores superficiais e efêmeros, mas sim, por um propósito de relacionamentos, negócios e um mundo mais sustentáveis, que haja prazer e alegria de viver. Um excelente 2022 pra todos nós!

Obrigada por ler até aqui! Felizes escolhas novas!

Com amor, Mari Carvalho 😉

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